Depois de experimentar uma queda vertiginosa nos últimos dois anos, as operações de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) no Brasil voltaram a ganhar fôlego em março, refletindo um aumento de mandatos pelos bancos no país. Dados da consultoria PwC mostram que no mês foram anunciados 122 operações, ante 165 em janeiro e fevereiro juntos. Apesar disso o número de transações anunciadas apresentam pequena queda em relação ao começo do ano passado, período que já foi muito fraco na esteira da crise da Americanas, deflagrada no início de 2023.
Se o cálculo for em valores, por outro lado, o início do ano representou crescimento na casa de 77%, chegando em R$ 31,2 bilhões, segundo dados coletados pela butique de M&A RGS. O resultado, contudo, contou com a influência da fusão bilionária do setor de moda entre Arezzo e Soma. Sem essa transação, o aumento teria sido de 33% no mesmo intervalo, com R$ 23 bilhões transacionados.
Segundo os dados coletados pela PwC, no primeiro trimestre foram um total de 287 transações, queda de 2,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em 2023, foram anunciadas 1.287 operações de M&A, ante 1.556 em 2022 e 1.659 de um ano antes.
O sócio da PwC responsável pela área de M&A, Leonardo Dell’Oso, afirma que a queda do número de transações é explicada pelos juros elevados nos Estados Unidos, que impulsionou uma migração do capital para o Tesouro americano, mas que agora algumas das operações começaram a sair do papel.
O executivo aponta que outro fator que levou a uma queda das aquisições foi o chamado “freio de arrumação”, com muitas empresas tendo que olhar para dentro de casa por conta das aquisições feitas em 2021, um ano de muitas operantes impulsionadas pela ampla liquidez global.
Para Dell’Oso, outro ponto que tem facilitado novos anúncios de transações tem sido, segundo ele, um ajuste nos preços de ativos, o que tem equacionado as demandas do lado dos vendedores e compradores. E, segundo ele, um impulsionador para maior atividade ao longo dos próximos meses deve vir dos fundos de private equity (que compram participação de empresas), que estão capitalizados e prontos para irem às compras.
O sócio da RGS, Fábio Jamra, aponta a estabilização dos juros nos Estados Unidos e a queda nas taxas no Brasil como catalisadores de novos negócios. “Também tem o fim do primeiro ano do novo governo, que sempre traz incerteza sobre a condução da política fiscal e econômica. Observamos melhoria no número e valor transacionado, assim como melhor distribuição entre os setores, com recuperação especialmente nos de saúde e educação, em relação a 2023”, diz.
A atividade deverá acelerar de fato em 2025, sendo um importante vetor a reabertura do mercado de ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) no Brasil. Para este ano, Dell’Oso, da PwC, projeta um mercado entre 1.200 e 1.300 transações anunciadas, com o volume de 2022 sendo retomado no ano que vem.
Fonte: Valor econômico
Por: Fernanda Guimarães