A Agrolend, fintech que oferece crédito à cadeia do agronegócio, levantou R$ 300 milhões em uma rodada de investimento liderada pelo fundo de private equity americano Creation Investments e pelo braço de corporate venture capital (CVC) da gigante Syngenta, uma das líderes globais em insumos agrícolas.
O fundo de Chicago, que tem mais de US$ 2 bilhões de ativos sob gestão, já tem companhias latino-americanas no portfólio, como a proptech mexicana DD360 e a insurtech chilena AVLA – mas a Agrolend é sua primeira aposta brasileira. “A maior oferta de crédito pela Agrolend aos pequenos e médios produtores rurais trará impactos positivos para um setor chave da economia brasileira”, diz Amadeo Ibarra, responsável pelos investimentos na América Latina do Creation Investments.
Na quarta e maior rodada da startup entraram outros três novos investidores: Vivo Ventures, L4 Venture Builder, fundo da B3, e o banco japonês Norinchukin Bank, instituição focada no agronegócio com cerca de US$ 1 trilhão de ativos. A captação ainda foi acompanhada por investidores já na base da companhia, como Valor Capital, Lightrock, Yara Growth Ventures, Provence Capital (gestora criada pelo ex-Hedging-Griffo Leopoldo Figueiredo e que gere recursos de família de empresas como Raia Drogasil e Eurofarma), SP Ventures e Barn Invest.
Cofundadores, os irmãos Alan Glezer e André Glezer comemoram o smart money e veem no futuro da companhia uma listagem em bolsa. “Conseguimos atrair investidores que conhecem como fazer gestão de empresas do nosso nicho e o caminho para um futuro IPO”, diz Alan, diretor financeiro da Agrolend. Segundo a dupla, a demanda da rodada foi superior ao valor pretendido, o que levou a rateio entre os investidores.
Com essa rodada, a Agrolend soma quase US$ 100 milhões captados em três anos e amplia sua base de capital para aproximadamente R$ 500 milhões – o que vai permitir a expansão da carteira de crédito, que deve fechar este ano em R$ 500 milhões, para cerca de R$ 3 bilhões. A fintech também tem emitido Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) como funding para as operações, que vinham sendo focadas em clientes de pequeno e médio porte.
Agora, a Agrolend terá fôlego para buscar clientes de maior porte no agronegócio, como indústrias de defensivos e fertilizantes, empresas e revendedoras de insumos e sementes, tradings, cooperativas, empresas de maquinário agrícolas e produtores rurais. A fintech também vai começar a fazer repasses de linhas do BNDES para investimentos. “Queremos ser o banco digital do agronegócio”, diz o CFO.
Além do porte dos clientes, a Agrolend também quer ter uma diversificação maior dos setores na carteira de crédito, hoje com quase 70% concentrados nas culturas de soja e milho. “Queremos expandir para outros setores como café, cana-de-acúcar, pecuária e combustíveis renováveis”, emenda André, o CEO. A fintech tem 150 parceiros no país, que atuam como pontos de venda e também dão aval às operações de crédito.
A diversificação ajuda a reduzir o risco da carteira, depois de uma temporada de problemas financeiros em empresas e produtores rurais, que sofreram com a queda do preço das commodities como a soja. Nesse meio tempo, a Agrolend adotou uma postura mais conservadora na concessão de financiamentos. Revendedoras de insumos como a Agrogalaxy e a Portal Agro entraram com pedido de recuperação judicial.
“A gente freou as operações há cerca de um ano quando vimos as margens mais baixas de produtores rurais e revendedoras de insumos, estoques mais altos e um mercado menos líquido de crédito”, afirma André. Mesmo assim, a taxa de inadimplência da carteira subiu de cerca de 0,4% em 2023 para 4% neste ano. A Agrogalaxy era um parceiros na oferta de crédito.
Mas o CEO já vê um cenário de recuperação no setor. “Os produtores rurais seguem pagando em dia e temos grandes multinacionais como avalistas dessas operações. Já vemos uma performance melhor do milho e do café”, afirma.
Fonte: Pipeline
Por: Silvia Rosa