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Um FIDC de meio bilhão para financiar o CLT

Polígono e Tudo no Bolso estruturam fundo para consignado privado, mercado que já passa de R$ 25 bilhões

Antes concentrado em grandes bancos e servidores, o empréstimo consignado acelerou no segmento privado – e tem atraído gestoras para financiá-lo. A Polígono Capital e a fintech Tudo no Bolso estão estruturando um FIDC para financiar operações do novo consignado privado, que prevê captar R$ 100 milhões na primeira série, podendo chegar a R$ 500 milhões com novas emissões.

Os recursos serão usados para comprar esse tipo de crédito originado pela Tudo no Bolso para trabalhadores com carteira assinada. O fundo da Polígono, voltado para investidores qualificados, será fechado – com pagamentos de principal e juros apenas nas datas previstas – e terá cotas sênior, mezanino e subordinadas. “Para o investidor, é uma oportunidade de retorno com risco controlado. Para o trabalhador, é crédito acessível e responsável”, afirma Marcelo Ciccone, diretor-geral da Tudo no Bolso.

Até o começo do ano, o trabalhador CLT que quisesse contratar o empréstimo com garantia do salário para obter juros mais baixos dependia de a empresa contratante ter algum convênio com uma instituição financeira. Na prática, restringia as concessões a grandes companhias – com departamentos de RH mais estruturados – e aos maiores bancos.

Desde março, com o lançamento do novo Crédito do Trabalhador pelo governo federal, a adesão das empresas é automática. Cabe ao empregado solicitar as propostas de crédito pelo app Carteira de Trabalho Digital de acordo com o seu perfil e sua capacidade de pagamento – as parcelas não podem ultrapassar 35% do salário.

As ofertas, com base na análise de crédito promovida por cada instituição, considerando até o tempo de empresa do funcionário, entram em uma espécie de leilão em que o trabalhador escolhe em tempo real as melhores condições valor, juros e prazo.

“Com a proteção do arcabouço regulatório, o risco de crédito diminuiu substancialmente, com custo de capital interessante para quem não tinha esse acesso e uma boa relação entre risco e retorno”, avalia o CEO da Polígono, Edgard Erasmi.

O diretor de crédito da Tudo no Bolso, Henrique Antunes, explica que o perfil do empregador também interfere na análise, levando em conta o turnover médio do setor, por exemplo. Segundo ele, os juros médios no programa estão em torno de 3% ao mês, mas ainda há casos acima de 8%. A expectativa, diz, é que as taxas caiam mais conforme outras etapas do programa sejam implementadas, como a portabilidade do crédito em caso de mudança de emprego e o FGTS como garantia do empréstimo.

Até o último dia 5, mais de R$ 25 bilhões já haviam sido emprestados por meio do novo consignado, segundo dados do Ministério do Trabalho compilados pelo Pipeline. O programa anterior para o setor privado – criado em 2003 – somava R$ 40 bilhões em empréstimos ativos no fim de março. O CEO da Polígono projeta que esse estoque chegue a R$ 200 bilhões em até três anos.

Fonte: Pipeline
Por: Felipe Frisch

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