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Capital ou governança corporativa: O que deve ser prioridade?

A questão sobre o que deve ser priorizado, capital ou governança corporativa, é tão complexa quanto a clássica dúvida do ovo ou da galinha. Muitos empresários se perguntam se realmente compreendem o que é uma governança corporativa estruturada e quais são seus benefícios. Ao mesmo tempo, hesitam em investir nesse tipo de estrutura, temendo os custos envolvidos. No entanto, tanto o capital quanto a governança corporativa são cruciais para o sucesso de qualquer negócio. Decidir qual deve vir primeiro depende de várias variáveis, como o mercado em que a empresa atua, seu tamanho, complexidade, estágio de desenvolvimento, e a necessidade de capital.

Os Desafios em empresas médias e familiares sem gestão ou governança

Empresas de médio porte e familiares enfrentam uma série de desafios específicos quando operam sem uma gestão profissionalizada e sem práticas de governança corporativa. A ausência de uma estrutura organizada e de processos bem definidos pode levar a uma série de problemas que afetam diretamente o desempenho, a sustentabilidade e o crescimento da empresa.

A seguir, destacam-se alguns dos principais problemas encontrados nessas empresas:

  1. Falta de transparência e conflitos de interesse

Em empresas familiares ou de médio porte sem governança, é comum que as decisões sejam tomadas de maneira informal, muitas vezes sem a documentação adequada ou sem a participação de todos os envolvidos. Isso pode gerar falta de transparência nas operações, decisões baseadas em interesses pessoais dos sócios e conflitos de interesse que prejudicam a tomada de decisões imparcial e orientada para o bem da empresa.

  1. Ausência de planejamento estratégico

Sem uma gestão estruturada, muitas dessas empresas operam sem um planejamento estratégico claro. A ausência de objetivos de curto, médio e longo prazo pode levar a decisões reativas, em vez de proativas, o que dificulta a capacidade da empresa de se adaptar a mudanças de mercado e de aproveitar oportunidades de crescimento. Essa falta de direcionamento também pode resultar em alocação inadequada de recursos, dificultando a eficiência e o sucesso do negócio.

  1. Problemas de sucessão

A sucessão é um dos maiores desafios enfrentados por empresas familiares sem governança. A falta de um plano de sucessão bem definido pode levar a conflitos entre herdeiros e à incerteza sobre o futuro da empresa. Sem uma governança clara, a transição de liderança pode ser desorganizada, resultando em perda de talentos, desmotivação entre os funcionários e até mesmo em queda no desempenho financeiro da empresa.

  1. Gestão financeira ineficiente

Empresas que operam sem práticas adequadas de governança frequentemente apresentam uma gestão financeira deficiente. A falta de controles financeiros rigorosos pode levar a desperdícios, fraudes e decisões financeiras arriscadas. Além disso, a ausência de auditorias internas e externas pode resultar em problemas contábeis e fiscais, expondo a empresa a riscos legais e comprometendo sua credibilidade junto a investidores e parceiros. Como está sua gestão?

  1. Dificuldade em atrair e reter talentos

Sem uma estrutura de governança e gestão bem definida, muitas empresas familiares e de médio porte enfrentam dificuldades para atrair e reter talentos. A falta de clareza nas funções, ausência de processos de avaliação de desempenho e de planos de carreira estruturados pode desmotivar profissionais qualificados e limitar o desenvolvimento de competências essenciais para o crescimento do negócio. Responda com sinceridade, sua empresa é atrativa e consegue reter os melhores?

  1. Resistência à Inovação

Empresas sem uma governança corporativa eficaz muitas vezes resistem à inovação. A falta de processos estruturados e a ausência de uma cultura voltada para a melhoria contínua podem fazer com que a empresa fique estagnada, incapaz de se adaptar a novas tecnologias, tendências de mercado e mudanças nas demandas dos consumidores. Essa resistência à inovação pode comprometer a competitividade da empresa no longo prazo. Como você e sua empresa se comportam frente a erros na tentativa de novas descobertas e melhorias?

  1. Risco de perda de controle e falta de prestação de contas

Em organizações sem governança, a falta de controles internos pode levar à perda de controle sobre as operações. Isso inclui a incapacidade de monitorar e avaliar o desempenho dos gestores, a falta de prestação de contas e a ausência de mecanismos de correção para desvios de rumo. Esse cenário cria um ambiente onde a má gestão pode prosperar, colocando em risco a saúde financeira e operacional da empresa.

A Interdependência entre capital e governança corporativa

O capital é vital para o crescimento de uma empresa, permitindo que ela invista em novas oportunidades, expanda suas operações e melhore sua competitividade. No entanto, sem uma estrutura de governança adequada, a gestão desses recursos pode ser ineficiente, resultando em desperdícios e decisões equivocadas. A governança corporativa proporciona a estrutura necessária para que a empresa tome decisões informadas, mantenha transparência e alinhe os interesses dos gestores com os dos investidores e demais stakeholders.

O Desafio de atrair investidores

Muitas empresas, especialmente as de médio porte, enfrentam dificuldades para atrair investidores devido à falta de uma gestão profissionalizada. A ausência de uma contabilidade precisa, a inexistência de processos auditados e a falta de um planejamento estratégico claro são fatores que afastam potenciais investidores. Além disso, a falta de uma cultura de governança robusta pode aumentar os riscos percebidos, tornando a empresa menos atraente para aqueles que buscam segurança em seus investimentos.

Governança corporativa como diferencial competitivo

Adotar práticas de governança corporativa não é apenas uma formalidade, mas uma estratégia essencial para o crescimento sustentável. Investidores procuram empresas que demonstrem não apenas potencial de lucro, mas também uma gestão transparente e bem estruturada, que minimiza os riscos associados ao investimento. Uma boa governança pode ser o diferencial necessário para garantir o financiamento necessário ao desenvolvimento empresarial.

Recomendações para conselhos Consultivos em empresas de médio porte

Para empresas de médio porte, a implementação de um conselho consultivo pode ser uma ferramenta poderosa para fortalecer a governança corporativa. As seguintes recomendações são essenciais para a eficácia de um conselho consultivo:

  1. Composição Diversificada: O conselho consultivo deve incluir membros com experiências variadas, capazes de oferecer perspectivas complementares que agreguem valor à empresa. Não traga o “cumpadi” para ser o seu olheiro, convide profissionais que vão levar sua empresa para outro patamar.
  2. Independência: Os membros do conselho consultivo devem ser independentes da gestão da empresa, assegurando que suas recomendações sejam imparciais e focadas nos melhores interesses da organização. Nem você será agradado, mas sempre prefira assim. Se afaste dos bajuladores!
  3. Foco Estratégico: O conselho consultivo deve concentrar seus esforços em questões estratégicas, ajudando a empresa a identificar oportunidades de crescimento e a mitigar riscos. Saiba usar as horas dos conselheiros para as questões relevantes, estratégicas e que causaram impactos positivos nos negócios, deixando de lado fofocas e questões que a sua própria decisão deve resolver.
  4. Reuniões Regulares: Estabelecer uma agenda regular para as reuniões do conselho, permitindo discussões aprofundadas e acompanhamento do progresso das decisões.
  5. Avaliação Contínua: Realizar avaliações periódicas do desempenho do conselho consultivo, garantindo que ele continue relevante e eficaz para a empresa.
  6. Transparência: Manter uma comunicação clara entre o conselho consultivo, a diretoria e os stakeholders, assegurando que as recomendações sejam compreendidas e implementadas de forma eficaz.

A escolha entre capital e governança corporativa não deve ser vista como uma decisão de exclusão, mas sim como uma questão de equilíbrio. Ambos são indispensáveis para o sucesso de uma empresa. Implementar uma governança corporativa sólida, por meio de um conselho consultivo eficaz, pode ser o diferencial necessário para atrair capital e garantir um crescimento sustentável. Empresas que investem em boas práticas de governança criam uma base sólida para a longevidade e prosperidade, protegendo o capital investido e fomentando um ambiente de negócios mais seguro e transparente.


Palavras-chave: Governança – Gestão – Capital – Conselho Consultivo – Crescimento Sustentável – Investidores – Estratégia Empresarial

Referências Teóricas:

  • Berle, Adolf A.; Means, Gardiner C. The Modern Corporation and Private Property. 2ª ed. New York: Harcourt Brace Jovanovich, 1965.
  • Adachi, Pedro Podboi. Família S.A.: Gestão da Empresa Familiar e Solução de Conflitos. São Paulo: Ed. Atlas, 2000.
  • Lemes Junior, Antonio Barbosa; Rigo, Claudio Messa; Cherobim, Ana Paula Mussi Szabo. Administração Financeira: Princípios, Fundamentos e Práticas Trabalhistas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
  • Rosseti e Andrade. Governança Corporativa: Fundamentos, Desenvolvimento e Tendências. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2012.

Fonte: Four+
Por: Manoel Quintino Junior

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