Recém-criado para investir e operar negócios ligados à gastronomia, o Heat Group acaba de fechar a aquisição da Fazenda Churrascada – holding com cinco restaurantes, um dos maiores eventos temáticos do mundo e começando a se aventurar em outros formatos, como unidade itinerante. A operação já tem receita de R$ 150 milhões.
O valor da transação não foi revelado, mas é uma fração dos R$ 100 milhões que a dupla Gabriel Carvalho e Gustavo Reichmann, egressos do Burger King, levantou para formar seu portfólio de marcas. Nesse montante, há recursos dos dois sócios, capital direto de outro investidor pessoa física e dívida conversível em ações de um investidor institucional.
Carvalho já era um dos sócios da casa de carnes, desde a fundação, em 2020 – agora, eles ficam com cerca de 93%, comprando a posição da Churrascada Participações, empresa de Felipe della Latta, e a fatia indireta da agência Umauma.
Os dois se conheceram em funções executivas estratégicas no Burger King. Reichmann chegou a CEO da marca no Reino Unido e tinha como braço direito Carvalho na função de CFO. O executivo de finanças saiu para empreender e investiu em negócios gastronômicos variados, como a própria Churrascada, o Bottega Bernacca e o canal digital Match Gastronômico. Reichmann seguiu nas operações da 3G por mais alguns anos, como executivo da Kraft Heinz.
“Nesse novo capítulo, começamos a olhar diversos negócios, para replicar o que participamos no Burger King há 10 anos, quando abrimos 500 lojas em cinco anos. Era uma inauguração a cada três dias”, lembra Reichmann. “A Churrascada era uma oportunidade óbvia porque já é um player relevante e onde enxergamos um potencial enorme para um ecossistema do churrasco. A marca é maior que o negócio”, emenda Carvalho.
A Churrascada nasceu com um festival de carnes em 2015 e cinco anos depois os sócios abriram o primeiro restaurante, em São Paulo, no bairro Morumbi. É um complexo de entretenimento que envolve show, área infantil, loja de gastronomia, sorveteria. As outras quatro unidades são de licenciados, em cidades como Curitiba e Brasília, tendo a holding como sócia minoritária.
A expansão do número de unidades, que demandam em investimento inicial de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões, deve vir acompanhada de linhas de produtos correlacionadas, de cerveja e acessórios a cursos de cortes e e-commerce, além de uma turbinada no incipiente clube de assinaturas de churrasco.
“Podemos criar uma versão para shopping, futuramente, por exemplo. Mas hoje vemos potencial para 20 a 30 unidades da fazenda no Brasil, num cenário conservador”, diz Carvalho. Coco Bambu e Outback são dois negócios que inspiram os executivos, para se ter uma referência do que planejam fazer no Heat.
Os empresários já avaliaram também investimentos em marcas de pizza e pasta. O Heat pode aproveitar o aperto financeiro de grandes marcas para consolidação, dado o DNA operacional dos sócios. “Nosso histórico é de eficiência e processos, então turnaround é uma possibilidade. O que a gente avalia é, se consertar, tem espaço para crescer?”, explica Reichmann sobre essas oportunidades.
No caso da Churrascada, que vai bem financeiramente, a operação não estava à venda – houve uma proposta espontânea de um terceiro, cujo preço desagradou mas indicou que podia dar jogo. Reichmann assumiu a negociação, já que Carvalho era um dos sócios e, com tudo acertado, a dupla estruturou a captação. Os vendedores foram assessorados pela IGC Partners.
Fonte: Pipeline
Por: Maria Luíza Filgueiras