fourmaislogo-05

Grupos de private equity buscam novas estratégias de saída à medida que dinheiro se acumula

Em 15 de dezembro, as empresas de private equity tinham um recorde de US$ 2,59 trilhões de reservas em dinheiro disponíveis para aquisições e outros investimentos, de acordo com a S&P Global Market Intelligence

Grupos de private equity buscam novas estratégias de saída à medida que dinheiro se acumula — Foto: Gerd Altmann/Pixabay

O setor de private equity entrou em 2024 com uma quantidade recorde de dinheiro não gasto de investidores e um estoque sem precedentes de transações antigas que precisarão vender nos próximos anos.

Em 15 de dezembro, as empresas de private equity tinham um recorde de US$ 2,59 trilhões de reservas em dinheiro disponíveis para aquisições e outros investimentos, de acordo com a S&P Global Market Intelligence. Quase um quarto desse dinheiro estava nas mãos de 25 dos maiores grupos do setor, entre eles Apollo Global, Blackstone, KKR, CVC Capital e Advent International.

Executivos do setor e seus consultores acreditam que o novo ano será um grande teste para os investidores de private equity, já que eles buscam maneiras de se desfazer de grandes investimentos e ao mesmo tempo buscar novas oportunidades.

Com o mercado de ofertas públicas iniciais ainda morno e as negociações para aquisições lentas em todo o mundo, o número de transações de saída de private equity no último trimestre ficou perto do seu menor nível em uma década, segundo a consultoria Bain & Co.

Isso deixou os grupos de aquisições com um recorde de US$ 2,8 trilhões em investimentos não vendidos e com o que Bain descreveu como “um acúmulo gigantesco” de empresas das quais sair.

“O que observamos por parte dos proprietários de private equity é muita ansiedade, porque ainda não está claro como [as vendas de ativos] vão evoluir”, disse um executivo sênior de um banco da área de fusões e aquisições.

As condições têm frustrado muitos grandes investidores institucionais, que normalmente têm a expectativa de receber de volta um fluxo regular de dinheiro à medida que os grupos de private equity vendem investimentos lucrativos. Mas, nos últimos cinco anos, esses investidores receberam apenas uma pequena quantidade de dinheiro, embora tenham comprometido somas enormes para financiar novas operações de aquisição.

Executivos de bancos esperam que os grupos ponham seu dinheiro para trabalhar nos próximos meses e ao mesmo tempo fechem transações de venda de investimentos antigos – em especial à medida que cresce o otimismo com a possibilidade de que as taxas de juros dos Estados Unidos tenham chegado ao seu pico depois de sofrer a elevação mais forte das últimas décadas.

“Minha impressão é de que [2023] foi um ano em que as pessoas estavam digerindo suas carteiras. A esperança é de que 2024 seja um recomeço para uma nova aceleração nas transações”, disse Elizabeth Cooper, sócia e codiretora do escritório de fusões e aquisições de private equity do Simpson Thacher & Bartlett.

“Há muitas transações em fase de preparação para o primeiro semestre e nossa expectativa é de que um bom número delas se concretize como planejado”, afirmou Carsten Woehrn, codiretor de fusões e aquisições na Europa, Oriente Médio e África do J.P. Morgan.

Para conseguir concretizar transações, muitos grupos de private equity implementaram táticas de engenharia financeira para conciliar a disparidade entre o que os compradores querem pagar por uma empresa e o que os proprietários aceitam receber.

Charles Hayes, codiretor mundial de capital privado do Freshfields Bruckhaus Deringer, disse que as empresas recorrem cada vez mais a “transações estruturadas” – operações que usam capital com características semelhantes a dívida.

Fontes do setor contaram ao Financial Times que grupos de private equity que vendem empresas uns para os outros usam cada vez mais estruturas complexas. Entre elas estão os “earn-outs” baseados em desempenho – que pagam dinheiro adicional aos vendedores se uma empresa tiver desempenho melhor do que o esperado – e outras ferramentas, como pagamentos diferidos por parte de compradores e grandes rolagens de investimentos de vendedores de maneira a concluir as transações.

Executivos de bancos e de private equity também sentem um entusiasmo crescente com operações de “carve-out”, em que um grupo de private equity compra uma linha de negócios ou uma divisão de uma grande empresa.

A maior transação de private equity de 2023 foi a aquisição pela GTCR da empresa de processamento de pagamentos Worldpay, que fazia parte da FIS, com uma avaliação de US$ 18 bilhões. A FIS abandonara o plano de desmembrar a Worldpay e transformá-la em uma empresa com ações negociadas em bolsa e, em vez disso, vendeu 55% dela para a GTCR, em uma transação que lhe rendeu US$ 11,7 bilhões em dinheiro.

Muitas empresas de aquisição importantes esperam replicar essas grandes transações de “carve-out” em 2024, de acordo com Max Justicz, codiretor para as Américas de patrocinadores financeiros do UBS.

“As megaempresas de aquisição pretendem demonstrar que podem comprar ‘carve-outs’ com alguma experiência de gestão e bastante dinheiro disponível”, disse ele.

Fonte: Valor
Por: Antoine Gara, Ivan Levingston e Will Louch, Valor — Financial Times, de Nova York e Londre

 

Compartilhe

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp
Reddit

Recomendamos também