Diante da expectativa curta de vida das empresas familiares no Brasil — 30% resistem até a segunda geração e apenas 15% até a terceira —, a cultura de inovação pode ser o melhor caminho para garantir a perenidade dos negócios, afirmou Pablo Sola, sócio da prática de transações da EY.
De acordo com Sola, que participa, nesta quarta-feira (5), de evento em comemoração aos 20 anos do capítulo Rio do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a última pesquisa da auditoria com executivos no mercado brasileiro mostra que o maior foco das empresas é inovação, sobretudo em inteligência artificial (IA). Estas também são as áreas que mais concentram investimentos.
Entre as principais ameaças às empresas familiares, a resposta que mais cresceu nos últimos anos foi “desconhecidos e startups”. Como enfrentamento a esse cenário, Sola citou estratégias como as incubadoras — isto é, um setor na empresa que invista em startups com potencial associado, que podem se converter em uma aquisição no futuro.
Os negócios familiares representam 90% dos empreendimentos no Brasil e geram 75% dos empregos, mostrou Sola.
Também presente no evento, Ilana Braun, diretora-presidente e integrante da segunda geração da família fundadora da Dermage, destacou a importância dos valores e da cultura nas companhias familiares.
“A minha sorte é que a inovação está na base da empresa, com isso conseguimos entrar em farmácias, em vários países da América Latina e, neste ano, estamos indo também para a Europa. Somos obrigados a inovar no mercado de bens de consumo, e no mercado de cosméticos, essa inovação acontece de dois em dois anos”, afirmou.
Ilana também disse que diversidade e inclusão são elementos capazes de fortalecer a inovação em uma empresa, uma vez que esse movimento traz visões diferentes. “É algo que faz parte dos nossos valores”, afirmou.
Para o diretor-presidente da Limppano, Alex Buchheim, a governança corporativa é um ponto-chave para a longevidade das companhias, uma vez que uma das grandes dificuldades das empresas familiares é a tomada de decisão.
“Para ter perenidade, é preciso haver regras claras para não gastar energia com conflitos internos. Meus irmãos são conselheiros na empresa e nós discordamos, o que é normal, mas jamais pode haver dissidência”, disse Buchheim, que lidera a empresa criada pelo avô.
“O que o nosso avô começou a fazer há 62 anos representa hoje 5% do nosso faturamento, isso significa que as empresas familiares também precisam se reinventar e inovar. A cultura de perenizar o negócio nos obriga a olhar para o futuro, e isso implica melhorar a estrutura corporativa”, completou.
Fonte: Valor
Por: Victoria Netto e Francisco Góes