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Brookfield compra portfólio de usinas solares da Trinity

No total, foram adquiridas 41 usinas solares de pequeno porte distribuídos em sete Estados que totalizam mais de 110 megawatt-pico

Dina Storch, da Brookfield, diz que gestora segue ativamente em busca de novos projetos de geração distribuída — Foto: Divulgação

A Ivi Energia, braço de negócios de geração distribuída da gestora canadense Brookfield, comprou os ativos de energia solar da Trinity Energia Renováveis. O negócio compreende 41 usinas solares de pequeno porte em sete Estados que totalizam mais de 110 megawatt-pico (MWp) e que devem entrar em operação até o início de 2025. O valor exato da operação não foi revelado, mas ultrapassa os R$ 600 milhões.

A transação foi assessorada pela Vinci Partners e é mais um passo nos planos da Brookfield de crescer no segmento. No fim de 2023, a empresa anunciou R$ 1,2 bilhão em investimentos na formação de um parque gerador de 300 MWp de capacidade solar em 12 meses. Os recursos do projeto fazem parte do Brookfield Global Transition Fund (BGTF), fundo que captou US$ 15 bilhões no maior capital privado já levantado para apoiar a transição energética no mundo.

As usinas adquiridas da Trinity ficarão no Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia. O fundador e CEO da Trinity, João Sanches, explica que 20 plantas já estão prontas e as outras em processo de construção.

“Para este portfólio [de 110 MWp], vamos investir R$ 450 milhões, sendo que a metade já foi aplicada. Fizemos uma venda para a Brookfield de mais de R$ 600 milhões, que descontando as dívidas e impostos, fica para a Trinity um caixa de R$ 250 milhões”, afirma Sanches.

Com essa operação, a Trinity sai de geração distribuída e mira investir em usinas solares de grande porte, já que mudanças regulatórias deixaram o setor com uma viabilidade econômica menor. “Com essa venda para a Brookfield, estaremos desalavancados, não teremos mais dívida, vamos recompor nosso caixa e ter capacidade de investir, a partir de 2025, cerca de R$ 1 bilhão”, diz.

A diretora executiva da área de energia renovável e transição da Brookfield, Dina Storch, acrescenta que a empresa continua em busca ativa de novos projetos no segmento. “Seguimos buscando boas oportunidades para ampliar nosso portfólio, seja em projetos greenfield [novos] ou em projetos já em operação”, diz.

O presidente da Ivi, Chris Sattler, enfatiza que os projetos já garantiram ou estão em processo de levantar financiamento. Os níveis de alavancagem podem variar de acordo com os custos e os fluxos de caixa projetados para cada empreendimento.

“Com a venda, não teremos mais dívida e vamos investir a partir de 2025”
— João Sanches

A energia gerada dos projetos em operação já está sendo comercializada para cinco clientes. Para projetos que ainda não estão prontos, a Ivi também pretende captar clientes comerciais, como redes de farmácias, supermercados e shopping centers, com descontos que chegam a 15% em relação ao mercado regulado, aquele atendido pelas distribuidoras.

“Cada comprador possui sua estratégia de comercialização, mas em grande parte dos casos envolve a modalidade por assinatura”, diz Sattler, ao se referir à modalidade em que a empresa produz energia e injeta a eletricidade produzida na rede de distribuição convencional, o que garante a ela os créditos para abatimento na conta de luz que, com a assinatura, são repassados ao consumidor que contrata o serviço.

O setor tem atualmente mais de 28,1 gigawatts (GW) de capacidade instalada no Brasil e a ABGD, associação que representa as empresas de geração distribuída, prevê que até o fim de 2024 o segmento vai atingir 35 GW no país.

Em 2023, o setor movimentou R$ 26,5 bilhões em investimentos. Entre os grandes operadores estão a (re)Energisa, Comerc, grupo Rezek Energia, Raízen, GDSun com fundos do BTG, entre outras. O que explica essa corrida pelo sol é que a sanção do marco legal da geração própria de energia, a distribuída, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2022, que criou um senso de urgência para garantir a gratuidade da cobrança da tarifa de uso da rede das distribuidoras. O subsídio vai até 2045.

Fonte: Valor
Por: Robson Rodrigues

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