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A startup que pretende usar um fundo de R$ 150 milhões para salvar negócios no Rio Grande do Sul

Criada em 2017, a O2 Inc. atua com duas verticais de negócios: uma boutique de recuperação de empresas e uma operação de CFO as

Pedro Albite, da O2 Inc.: "A estratégia é pegar negócios grandes nos quais teremos o poder de impactar todo o ecossistema de negócios" (02.Inc/Divulgação)

Quando a consultoria Oriz Partners se uniu à gestora americana Albright Capital para levantar um fundo de R$ 150 milhões e encontrar empresas em situações difíceis, nem de longe imaginavam o cenário pelo qual passa o Rio Grande do Sul.

As fortes chuvas nas últimas semanas afetaram mais de 2,3 milhões de pessoas e desalojaram mais de 500 mi l. Atingiram ainda 80% da atividade econômica do estado, de acordo com estimativa da Fiergs, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.

Mas os recursos captados podem ir em socorro a empresas do estado sulista, que começam a descobrir o tamanho do impacto e do estrago deixados pelos temporais. Do valor pretendido, a Oriz, de Carlos Kawall, ex-secretário de Tesouro Nacional, e a Albright, fundada pela ex-secretária de Estado dos EUA Madeleine Albright, já têm no caixa R$ 92 milhões e continuam em captação do restante.

Como funciona o modelo de investimento

Quem lidera a busca pelo resgate dos empreendimentos é a O2 Inc., startup criada pelo administrador de empresas gaúcho Pedro Albite, em 2017. O negócio da O2 está estruturado em duas verticais: uma boutique especializada em movimentos de turnaround e uma operação de CFO as a service para pequenas e médias empresas, com faturamento entre R$ 3 milhões e R$ 300 milhões por ano.

Faz pouco mais de três anos que a O2 atua em projetos com a Oriz e a Albright e a ainda a T&SS, assessoria de Pedro Guizzo e João Lencioni. O que une as quatro empresas é a tese de “special situation”.Em português, significa encontrar aqueles ativos depreciados e estressados, em complexa situação financeira, mas que apresentam elevado potencial de turnaround e, por consequência, retorno. No novo fundo, a O2 era a representante no Sul do país.

“Em termos de direcionamento do fundo, não mudou nada, a não ser uma catástrofe que potencializa e aumenta o leque de opções de empresas que vão precisar”, diz Albite. “E um capital que não seria nem necessário na época, hoje passa a ser. Então, pelo ocorrido, passamos a ter os olhos mais voltados para as empresas gaúchas e com um volume representativo de capital”.

A diferença deste tipo de operação para modelos mais tradicionais, como empréstimos ou linhas de crédito, é a compreensão do tamanho da “dor de cabeça” enfrentada por essas companhias. Em geral, diante de crises, as instituições financeiras puxam o freio e o acesso a recursos fica mais limitado.

Quais os próximos passos

“Para encontrar oportunidades em ativos estressados, você precisa saber o funcionamento de um ativo estressado. E para saber, um dos principais fatores é compreender o porquê e o que precisa para ele deixar de ser estressado e virar um ativo potencial. Quem trabalha nesse setor consegue fazer o diagnóstico correto e encontrar esses caminhos de tornar e de potencializar esse negócio”, diz Albite.

De acordo com números internos da fintech, a O2 já atuou em mais de 150 processos de turnaround e recuperação de empresas, incluindo nomes como Credeal, conhecida por cadernos, e a Gatron, do Paraná. Em casos de reestruturação, além do time para reposicionar os negócios, a startup vai atrás do capital para sustentar a operação.

Neste momento, o objetivo é encontrar empresas mais maduras e com portes entre médio e grande para investir valores a partir de R$ 10 milhões.“A nossa estratégia é pegar negócios grandes nos quais teremos o poder também de impactar todo o ecossistema que aquela empresa acaba movimentando, como insumos e fornecedores”, afirma Albite.

O empreendedor conta que as conversas começaram na última semana, com empresas que já estavam no portfólio da O2, e devem ganhar um novo ritmo a partir de agora. Nesta semana, os times das quatro empresas iniciam as análises em conjunto de companhias que buscam um novo futuro após os impactos das chuvas.

Negócios em Luta

A série de reportagens Negócios em Luta é uma iniciativa da EXAME para dar visibilidade ao empreendedorismo do Rio Grande do Sul num dos momentos mais desafiadores na história do estado. Cerca de 700 mil micro e pequenas empresas gaúchas foram impactadas pelas enchentes que assolam o estado desde o fim de abril.

São negócios de todos os setores que, de um dia para o outro, viram a água das chuvas inundar projetos de uma vida inteira. As cheias atingiram 80% da atividade econômica do estado, de acordo com estimativa da Fiergs, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.

Fonte: exame
Por: Marcos Bonfim

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