O agronegócio, historicamente reconhecido como um dos pilares mais sólidos da economia brasileira, enfrenta hoje uma das suas maiores provações. Desde a regulamentação da recuperação judicial para produtores rurais, em dezembro de 2020, o setor passou a registrar uma explosão no número de pedidos — reflexo direto de pressões financeiras crescentes, riscos climáticos extremos e oscilações no mercado global de commodities.
O Gráfico 1 ilustra com clareza essa trajetória: partindo de zero casos em 2020, os pedidos saltaram para 25 em 2021, 176 em 2022, 534 em 2023 e chegaram ao pico de 1.272 em 2024. Apenas no primeiro trimestre de 2025, já foram protocolados 525 novos pedidos, o que indica uma elevação de 38% no comparativo com o mesmo período do ano anterior. Em quatro anos, o crescimento acumulado é de impressionantes 5.088%.
Fontes:
As principais razões que explicam o aumento expressivo dos processos de Recuperação Judicial (RJ) no Brasil — especialmente no agronegócio — envolvem fatores estruturais, conjunturais, jurídicos e financeiros, que se intensificaram nos últimos anos. Abaixo, listo os principais vetores que contribuem para esse fenômeno:
1. Abertura Jurídica com a Nova Lei (Lei nº 14.112/2020)
2. Endividamento excessivo e expansão desordenada
3. Aumento dos custos de produção
o Guerra na Ucrânia (fertilizantes)
o Alta do dólar
o Quebra de cadeias globais de suprimento
4. Quebras de safra e eventos climáticos extremos
5. Queda dos preços das commodities
6. Atrasos nos recebimentos e inadimplência em cadeia
7. Acesso restrito e encarecido ao crédito
8. Gestão financeira deficiente
9. Utilização da RJ como instrumento estratégico
10. Concentração de risco regional
O Gráfico 2 revela um dado ainda mais alarmante: a crise se concentra justamente nas regiões que formam o coração produtivo do país. Juntos, os estados de Mato Grosso (26,8%), Goiás (22,3%) e Mato Grosso do Sul (12%) respondem por mais de 61% de todos os pedidos. Minas Gerais (14,3%) e São Paulo (9,1%) completam o ranking das unidades mais afetadas. Essa concentração geográfica reforça que o impacto recai com maior intensidade sobre as principais cadeias de grãos, fibras e proteínas — fundamentais para o abastecimento interno e para as exportações.
O agravamento da crise no campo tem efeito dominó sobre toda a cadeia de valor do agronegócio. A inadimplência e o risco jurídico crescentes afetam diretamente:
Essa fragilização do ecossistema agroindustrial compromete a eficiência logística, a previsibilidade das safras e o acesso ao mercado internacional — colocando em risco não apenas a economia brasileira, mas também a segurança alimentar de dezenas de países que dependem dos produtos exportados pelo Brasil.
Para evitar o colapso estrutural do setor, é indispensável a implementação imediata de medidas coordenadas e estruturantes, que combinem alívio financeiro de curto prazo com transformação sistêmica. Entre as propostas prioritárias, destacam-se:
Diante de um cenário tão desafiador e volátil, torna-se cada vez mais evidente a necessidade de produtores rurais e empresas do agronegócio contarem com uma assessoria financeira qualificada, capaz de atuar não apenas no enfrentamento da crise, mas também na sua prevenção e superação.
Contar com profissionais experientes permite:
Uma assessoria sólida atua como um verdadeiro parceiro de longo prazo, oferecendo suporte técnico, inteligência de mercado e visão integrada para decisões mais seguras, seja em momentos de bonança ou turbulência.
Investir em gestão profissional não é mais um diferencial — é uma condição de sobrevivência e competitividade no novo cenário do agronegócio brasileiro.
O agronegócio não é apenas um setor — é um elo vital entre a produção, a segurança alimentar e o desenvolvimento nacional. Ignorar os sinais da crise é correr o risco de comprometer décadas de avanço. Enfrentá-la com coragem, inteligência e planejamento é o único caminho possível para garantir a recuperação do campo e a estabilidade econômica do país.
Fonte: Four+ IB