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BYX acelera esteira de crédito à pessoa física no Pine

Banco é sócio minoritário da firma de originação e monitoramento de carteira

Noberto Pinheiro Jr, diretor do Pine: modelo escalável — Foto: Divulgação

Banco Pine atingiu lucro líquido recorde de R$ 64 milhões no segundo trimestre, com ROE anualizado de 23%, puxado pelo crescimento do crédito colateralizado no varejo. A estratégia, que vem ganhando espaço nos últimos balanços da instituição financeira, tem uma amarração societária e pode ganhar escala, sem pesar nos demonstrativos. Em um ano, a carteira de crédito no varejo aumentou 130% e atingiu R$ 7,3 bilhões ao final de junho, saindo do zero em 2021.

Isso porque, ao invés de retomar atuação direta no crédito à pessoa física depois de uma década fora desse mercado, o Pine optou por se aliar a uma intermediadora, a BYX, e virou sócia da firma no ano passado. “Como a tecnologia avançou desde que saímos desse mercado, há mais de uma década, pensamos em plugar estruturas que já estavam montadas para esse tipo de crédito ao nosso balanço. O Pine entra como provedor de funding e alocador de capital em operações analisadas e depois acompanhadas pela BYX”, diz Noberto Pinheiro Jr., diretor executivo e membro do comitê executivo do Pine. (O banco, assim como a BYX, é comandada por um comitê, formado por três executivos).

 

 

O Pine banco começou a trabalhar com a BYX como prestadora de serviço e, em 2022 comprou uma debênture conversível em ações da BYX, conversão que foi efetivada no primeiro semestre do ano passado. O Pine tem cerca de 30% da BYX, firma que já vinha buscando um sócio para tomar fôlego financeiro para crescer e chegou a avançar numa tratativa que, após a diligência, o interessado queria posição de controle – o que os sócios da BYX não toparam. A negociação com o Pine veio na sequência.

 

“Somos uma infratech para quem quer operar no varejo colateralizado, desde bancos originadores, ou instituições que não têm experiência ou não querem montar a operação”, diz Fernando Perrelli, CEO e sócio fundador da BYX. A carteira da firma soma R$ 14,8 bilhões em créditos monitorados, quase metade originada para o Pine.

Os agora sócios se conhecem há décadas. Perrelli tinha trabalhado no BMC, banco fundado pela família Pinheiro em Fortaleza e que foi vendido ao Bradesco, em 2007. Quem fez sua entrevista de emprego foi o pai de Pinheiro Jr. Absorvido pelo Bradesco, Perrelli passou ainda por Agibank e BMG, na estruturação das lojas Help, de atendimento ao varejo.

 

“Via diversos investidores querendo alocar recursos na tese de crédito à pessoa física, mas com inseguranças sobre fraude, precificação de perdas, critérios de elegibilidade”, diz Perrelli. A BYX nasceu, há cinco anos, em sociedade com Victor Guidotti, que também trabalhou com consignado no Bradesco e foi CEO da Ponto Amigo, promotora de crédito.

 

 

A BYX trabalha com duas esteiras de créditos nas operações de consignado, antecipação do saque-aniversário do FGTS e financiamento para serviços públicos. Na primeira esteira, responsável por 40% do volume, a operação nasce na plataforma da BYX com o correspondente bancário – para atender o cliente na ponta, ele faz as validações e a bancarização com parceiros diversos; ele segue como o agente de cobrança e a BYX securitiza os créditos para que sejam comprados por outras instituições, como Pine ou seus concorrentes.

Na outra esteira, que responde por 60% do volume, a originação é feita por uma instituição financeira que, com volume maior do que sua capacidade de carregar no balanço, faz a cessão da carteira. A BYX avalia os créditos, o Pine compra a carteira que foi aprovada e a BYX segue fazendo o monitoramento desses créditos.

 

“Apesar de ser uma empresa de infraestrutura, é um modelo parecido como uma asset. Dos R$ 14 bilhões de monitoramento, ela cobra aproximadamente 1% da taxa de serviço, na média. Na esteira dois, também tem o equivalente a um fee de perfomance sobre o ágio gerado em cessões. O Pine também paga essas taxas, mas se beneficia na equivalência patrimonial do que a gente paga e do que os outros pagam”, diz Pinheiro Jr.

Em 2022, a BYX teve lucro de R$ 1,9 milhão, saltou para R$ 27 milhões no ano seguinte e, no primeiro semestre deste ano, somou R$ 42 milhões. A BYX tinha receio de que uma sociedade com um banco acabasse restringindo o interesse de outros, como clientes. Mas, segundo Perrelli, o efeito foi o oposto. “O case do Pine foi muito positivo para a BYX mostrar que o serviço funciona”.

 

 

O Pine acaba de estruturar um FIDC com a XP, que está usando capital proprietário, para investir nesses créditos originados pela BYX. O fundo já teve R$ 650 milhões de chamada de capital no primeiro semestre. “O FIDC dá funding para as operações do que chamamos de correspondentes banqueiros, e depois a tese é sindicalizar esses créditos”, diz Pinheiro Jr.

 

O planejamento da BYX é chegar a 2028 com uma carteira de R$ 45 bilhões sob monitoramento. “Não achamos que é um número fora do normal. Hoje o mercado de consignado tem R$ 700 bilhões de carteira, estamos com 2% disso e investindo em tecnologia. Se o mercado atingir algo próximo de R$ 1,2 trilhão e a gente, além de crescer na base, conseguir avançar para uma fatia de 3,5%, batemos essa meta”, calcula Perrelli.

Fonte: Pipeline
Por: Maria Luíza Filgueiras

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