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Controlador da Kora quer tirar a empresa do Novo Mercado

HIG Capital admite que companhia passa por dificuldades e quer ampliar possibilidades de captações

Hospital Meridional em Cariacica (ES), da rede da Kora Saúde — Foto: Divulgação

A HIG Capital, gestora que controla a Kora Saúde, quer que a rede de hospitais saia do principal segmento de listagem da B3, o Novo Mercado, e vá para o segmento básico, com dispensa de realização de uma oferta pública de aquisições de ações (OPA). Em carta enviada à diretoria, o acionista controlador reconhece que a Kora passa por dificuldades e acredita que a migração pode ajudar a empresa a ampliar as possibilidades de captação de recursos e equalizar a estrutura de capital. Uma assembleia será convocada para discutir esse caminho.

Entre as alternativas que se abrem com a troca de segmento, a HIG cita uma eventual emissão de ações preferenciais ou operações de combinação de negócios com empresas nacionais e estrangeiras que não integrem o Novo Mercado.

“A companhia, assim como outras empresas do setor, vem enfrentando um cenário bastante desafiador ao longo dos últimos anos, agravado em razão da crise financeira dos planos de saúde, que se arrasta desde a pandemia, e da alta taxa de juros no Brasil que, devido à alavancagem atual, tem drenado parte fundamental da geração de caixa que deveria ser destinada à operação, para pagamento de despesa financeiras”, afirma a gestora na carta.

A HIG admite ainda que os desafios enfrentados têm pressionado a cotação das ações. A gestora ressalta que o papel tem acumulado queda de 34,62% desde o início do ano e de 74,63% em 12 meses, valendo R$ 0,85. A B3 estabelece que as ações das empresas no Novo Mercado devem valer no mínimo R$ 1. No mês passado, a Kora chegou a cogitar um agrupamento de ações.

A HIG frisa também que a Kora tem apresentado dificuldades, desde o IPO realizado em 2021, para se manter dentro da exigência mínima de free float da B3 para o Novo Mercado, de 20%. No momento, está em 20,3%. Desde a abertura de capital, a B3 já concedeu mais de uma licença de dispensa do cumprimento do mínimo.

“Tal conjuntura também gera embaraços à potencial realização de aumentos de capital privados que dependam da participação do acionista controlador (dado que o não exercício da preferência pelos demais acionistas poderia gerar desenquadramento do free float mínimo), bem como a própria adoção de estratégias relevantes de interesse da companhia, como eventual recompra de ações de sua emissão”, diz ainda a gestora.

Embora reconheça os benefícios de fazer parte do Novo Mercado, a HIG diz que uma saída também pode oferecer redução de custos regulatórios e permitir a simplificação e otimização da estrutura organizacional da companhia.

Após a migração, o controlador pretende pedir a mudança do registro da companhia aberta, da categoria A para a B. A gestora disse que já contratou uma empresa para fazer a avaliação das ações da empresa de olho em uma OPA que seria feita depois dessas alterações.

Segundo a gestora, isso permitirá que todos os acionistas tenham um evento de liquidez e está alinhado à estratégia de simplificação da estrutura corporativa da Kora.

Os fundos da HIG são donos de 66,4% da Kora, enquanto os fundadores têm 10,6%. A empresa terminou o ano passado com uma alavancagem (dívida líquida/Ebitda) de 3,9 vezes. Em uma das medidas para reduzir esse nível, a gestão alongou o cronograma de amortização da dívida e arrendou o imóvel do Hospital Anchieta

Fonte: pipeline
Por: André Ítalo Rocha

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