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EXCLUSIVO: Itaú diz que ex-CFO violou normas, aciona BC e fala em medidas legais

Irregularidades estariam ligadas à contratação de parecer de um fornecedor específico

Banco Itaú fez investigação sobre contratação de pareceres — Foto: Divulgação

O banco Itaú afirma que seu ex-diretor financeiro Alexsandro Broedel violou políticas internas e a regulamentação, agindo em “grave conflito de interesses” e em benefício próprio em contratações de pareceres técnicos. A informação consta numa ata de assembleia geral extraordinária do Itaú Unibanco S.A., que a instituição publicou na madrugada deste sábado (7), no jornal O Estado de S.Paulo, assinada pelos diretores José Virgilio Vita Neto e Álvaro Felipe Rizzi Rodrigues. O Itaú já comunicou sua apuração ao Banco Central.

Segundo o banco, Broedel teria utilizado sua alçada e prerrogativas como alto executivo da instituição para aprovar pagamentos a um fornecedor com quem tinha vínculo, no montante total de R$ 13,25 milhões desde 2019 – sendo R$ 1,1 milhão em 2019, R$ 1,7 milhão em 2020, R$ 3,38 milhões em 2021, R$ 1,85 milhão em 2022, R$ 3,35 milhões em 2023 e R$ 1,87 milhão já em 2024.

Na ata o Itaú não revela o nome do fornecedor, mas, na noite desta sexta-feira, o banco protocolou uma ação civil em que cita uma empresa de Eliseu Martins, um dos maiores especialistas em contabilidade do país. Na peça, o banco diz que identificou uma sociedade entre Martins e Broedel e transferências de recursos entre eles.

Segundo investigação do banco, o ex-CFO contrataria pareceres da empresa de Martins e, por uma engenharia financeira que passaria por outras empresas, receberia parte do valor dos contratos.

A apuração foi coordenada pelo comitê de auditoria do banco e executada pela auditoria interna. Tais irregularidades, segundo o documento, não terão impacto nas demonstrações financeiras da companhia e teriam se restringido aos contratos com um fornecedor específico, sem influência em outros pareceres.

Em assembleia de acionistas que ocorreu às nove da manhã da última quinta-feira (5), na Torre Olavo Setubal, para tratar do assunto, o banco decidiu que vai tomar “todas as medidas legais cabíveis”. A primeira providência nesse sentido é uma ação de “protesto interruptivo de prescrição”, que congela o prazo legal para que o banco tome providências judiciais, com uma ação cível. Como proteção legal do banco, o Itaú pede a anulação de contas aprovadas do ex-CFO, e quer ainda a responsabilização do executivo e do fornecedor nas esferas administrativa e judicial.

Além do Banco Central, o Itaú também acionou a Pwc, sua auditoria externa, que disse não haver necessidade de refazer os relatórios de auditoria dos três últimos balanços anuais dado o montante financeiro.

Broedel foi executivo do Itaú de maio de 2012 a julho de 2024, ocupando a cadeira de CFO de 2021 até sua saída neste ano. Ele pediu demissão em julho para assumir a cadeira de chefe de contabilidade no Santander global, o que está previsto para o início de 2025.

Como o banco estabelece quarentena para executivos que vão para a concorrência, Broedel mantinha vínculo com o Itaú nos últimos meses, como administrador licenciado.

Esse é o segundo caso de acusação de irregularidade de executivo apontada pelo Itaú em pouco mais de uma semana. No dia 30 de novembro, o Itaú demitiu o então diretor de marketing, Eduardo Tracanella, por uso indevido do cartão corporativo.

Broedel nega as acusações, que definiu como infundadas – e promete contra-atacar na Justiça.

Fonte: Pipeline
Por: Maria Luíza Filgueiras Talita Moreira e Mariana Ribeiro

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