Goiânia, uma das dez maiores cidades do Brasil, é uma metrópole em constante crescimento tanto para os lados, quanto para cima. A região do centro expandido, que corresponde ao Setores Centro, Oeste, Bueno e Marista, por exemplo, possui um grande adensamento populacional. Por outro lado, vê-se com frequência a presença dos condomínios horizontais, que têm atraído muitos goianienses por diversos fatores: segurança, lazer, conforto e privacidade.
O primeiro condomínio desta categoria é o Privê Atlântico, construído em há 45 anos. Logo depois, foram surgindo outros, como Aldeia do Vale, Granville, Jardins Florença. Os dois últimos eram considerados distantes na época em que foram construídos, mas com o crescimento da capital, outros bairros passaram a “os engolir”.
Há também condomínios de luxo nacionais presentes em Goiânia, como o Alphaville, um dos grandes símbolos de status de moradia para quem vive nele. Além disso, nos últimos anos, houve um aumento no número de condomínios que ligam Goiânia a Senador Canedo, processo este que também ocorre na região metropolitana de São Paulo, por exemplo.
De acordo com a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano (Seplan), há 25 condomínios horizontais na capital, um número bastante elevado quando comparado a outras capitais do mesmo tamanho, como Belém e Porto Alegre, por exemplo.
Mas, afinal, o que leva Goiânia a ter tantos condomínios fechados? É sobre essa e outras questões que o Diário da Manhã conversou com o arquiteto e urbanista Paulo Renato Alves.
O arquiteto afirma que “a predominância de condomínios fechados em Goiânia pode ser entendida a partir de uma perspectiva urbanística que considera fatores como segurança, padrões de desenvolvimento urbano e qualidade de vida”.
“A cultura urbana e a tradição regional também influenciam as escolhas de moradia, tornando os condomínios fechados uma opção atrativa para aqueles que buscam um ambiente urbano mais planejado e seguro”, ressalta.
Além disso, ele ressalta que o crescimento acelerado do centro urbano faz com que muitas pessoas sejam atraídas pelos condomínios mais afastados, onde há menos poluição visual e sonora e mais espaços verdes, com mais qualidade de vida.
A migração de bairros nobres e centrais para os condomínios horizontais também se reflete no fato de que as residências são mais amplas, além da privacidade proporcionada pela distância do centro e a ênfase na segurança, o que evidencia uma preferência por um estilo de vida que valoriza não apenas o design arquitetônico, mas também a qualidade de vida.
“O condomínio fechado, do ponto de vista arquitetônico, busca criar um ambiente residencial exclusivo e controlado, destacando-se pela ênfase na segurança física e pela delimitação clara de seus limites. Ao contrário de bairros nobres no centro urbano, os condomínios fechados vão além da exclusividade baseada em localização, incorporando elementos de design e planejamento urbano que reforçam a segregação espacial”, explica o arquiteto.
O diretor executivo do Grupo Mauá, Victor Nakamura, explica que “em comparação com imóveis mais centralizados, o valor por área pode até se tornar mais econômico se considerada uma área disponível maior do que um apartamento”.
O arquiteto Paulo Renato afirma, por fim, que “tanto Goiânia quanto São Paulo compartilham a tendência de migração de pessoas de bairros mais adensados para condomínios em áreas periféricas ou na região metropolitana, refletindo uma busca por qualidade de vida e segurança. Em ambas as cidades, o crescimento acelerado e a densidade populacional podem contribuir para a demanda por soluções habitacionais que ofereçam ambientes mais espaçosos e exclusivos”.
Fonte: Diário da Manhã
Por: FERNANDO KELLER