Mesmo decorridos três anos desde o início da implantação, o “open insurance”, ambiente de compartilhamento de dados e transações de seguros, ainda divide o mercado. É o que revela a 3ª edição do estudo sobre o tema realizado pela Capgemini. A nova edição contou com participação de 204 executivos e empreendedores, além de 19 entrevistas diretas com lideranças do mercado, entre CEOs de seguradoras, corretores e dirigentes de entidades. Os números representam avanço de 161% comparado com a pesquisa anterior.
O líder de soluções para seguros na Capgemini Brasil, Gustavo Leança, ressalta que, apesar de o estudo mostrar um consenso de que o mercado terá um forte impacto do open insurance/open finance (integração do open insurance com o open banking), o tema ainda divide o setor. “Ainda há muitos participantes que não entendem bem os conceitos ou não tem confiança no processo, existe esse efeito do copo meio cheio ou meio vazio”, complementa.
Ainda que parte dos integrantes do mercado possa ter alguma reserva, a pesquisa mostra haver um consenso sobre a “inevitabilidade” da implementação do open insurance. De acordo com o estudo, 78% dos entrevistados acreditam no impacto duradouro do open insurance e 64% estão otimistas ou muito otimistas em relação aos benefícios ao setor.
No entanto, parcela significativa de 36%, ou seja, um terço do mercado afirma não ver benefícios ou não saber. Quando se olham os segmentos, os números variam mais. Entre os corretores de seguros, a opinião sobre o ambiente de compartilhamento fica dividida quase meio a meio: 51% da categoria se dizem otimistas ou muito otimistas, enquanto 49% estão pessimistas ou não sabem.
o caso das seguradoras, os resultados ficam mais alinhados aos números gerais. Entre essas companhias, 65% se mostram otimistas ou muito otimistas. Outros 35% figuram no lado oposto. Para a vice-presidente para seguros da Capgemini Brasil, Renata Ramos, conforme chega à fase final, torna-se mandatório “o open insurance constar na estratégia de todas as seguradoras e corretoras”.
O cronograma de implantação do open insurance sofreu alterações ao longo dos últimos anos. A agenda atual prevê que a fase 3, em que os consumidores poderão escolher os serviços sem necessidade de acessar os canais das seguradoras, seja viabilizado entre junho e novembro deste ano.
A fase 2, que começou em agosto de 2023, vai até abril de 2024. Nesse estágio, começa o compartilhamento de fato dos dados dos consumidores, desde que haja consentimento do usuário. A primeira etapa ocorreu de dezembro de 2021 a junho de 2022. Nesse período, as seguradoras tiveram de abrir e padronizar seus dados.
A pesquisa da Capgemini mostra ainda que as expectativas sobre quando o impacto real do novo ambiente vai ficar evidente têm se deslocado para a frente. Na terceira edição, o levantamento mostra que metade dos entrevistados enxergam consequências a partir de 2025. Mas nesse grupo, 25% citam o ano que vem, enquanto outros 25% falam em 2026. Cerca de 20% veem o open insurance trazendo efeitos relevantes já neste ano.
No primeiro estudo feito pela consultoria em 2021, a maior parcela dos respondentes – quase 40% – via 2024 como o ano chave para a iniciativa. Outros 25% apontaram 2023 como o momento no qual as soluções começariam a aparecer. “Pelo que mostra o estudo, provavelmente 2024 vai ser um ano de amadurecimento e a partir de 2025 deve haver uma aceleração [de soluções baseadas no open insurance]”, afirma Ramos.
Do lado dos desafios que o open insurance precisa enfrentar, a maior questão recai sobre a falta de conhecimento sobre o ambiente. “O corretor ainda não entendeu muito bem o open insurance e a sociedade, do ponto de vista dos entrevistados, também não entendeu”, afirma o líder de seguros da consultoria.
Um resultado chama a atenção: o reconhecimento de falta de entedimento por corretores de seguros sobre o tema. O estudo mostra que 40% dos profissionais se autoatribuíram nota abaixo de 5, enquanto 12% responderam que seu conhecimento não passa de nota 2.
Fonte: Valor
Por: Sérgio Tauhata