A desaceleração que o mercado de fusões e aquisições enfrentou nos últimos dois anos foi uma barreira para os salários e bônus dos profissionais que atuam na área de M&As. Com a queda das receitas geradas com as transações, a proporção daqueles que deixaram de receber aumento na remuneração fixa chegou a 44% em 2023, segundo a pesquisa M&A Community, feita pela iDeals, empresa britânica de serviços online para M&As, como gestão de documentos e due diligence.
“Foi uma descoberta surpreendente”, afirma a companhia, em referência à estagnação salarial. Na visão da Ideals, os profissionais de M&A enfrentaram condições de mercado difíceis no ano passado no Brasil, em um contexto no qual as operações de fusões e aquisições tiveram recuo de 9% em relação a 2022, que também não foi um ano aquecido. Ao todo, a pesquisa ouviu 185 profissionais.
Sem o mesmo dinamismo de antes, o segmento acabou dando aumentos maiores àqueles que estão na base da pirâmide. Apenas funcionários que ganham até R$ 13 mil viram o salário crescer em ritmo superior a 50%, de acordo com o levantamento. Na média, o avanço dos salários para todos os níveis foi de 31%.
Nesse cenário, a pizza de faixas salariais praticamente não se alterou entre um ano e outro. A proporção dos que ganham entre R$ 6 mil e R$ 18 mil seguiu em 52%, enquanto o grupo dos que recebem a partir de R$ 18 mil continuou em 48%.
Em relação ao bônus, foram os profissionais que estão mais ao topo da pirâmide os mais afetados. Segundo a pesquisa, entre os que viram o bônus diminuir em 2023, 45% tinham cargo de VP e 32% eram associados.
Por outro lado, são eles os que recebem os maiores bônus. A pesquisa aponta que os bônus dos VPs variam entre 60% e 255% do salário fixo, a depender do nível de senioridade e do porte da companhia. Já entre os analistas, o intervalo cai para algo entre 35% e 200%. Entre os associados, vai de 40% a 255%.
Apesar de ter notado uma tendência de estagnação nas remunerações, a Ideals percebeu também que não há um alto grau de insatisfação com o quanto ganham os profissionais. Entre analistas, os que são insatisfeitos e pouco satisfeitos somam 32%, enquanto os neutros representam 35%. Os satisfeitos e altamente satisfeitos correspondem a 33%.
No grupo dos associados, os insatisfeitos e pouco satisfeitos chegam a 26%; os neutros, a 44%; e os satisfeitos e altamente satisfeitos, a 30%. Entre os VPs, as proporções são de 33%, 27% e 40%, respectivamente.
Fonte: Pipeline
Por: André Ítalo Rocha